Quantas vezes eu, sendo nutricionista com foco em mudança de comportamento alimentar e especialista em transtornos alimentares, já ouvi frases como: "Nossa, hoje estou compulsiva!" ou então "No final do dia eu viro eu exagero, acho que tenho compulsão" ou ainda "Quando eu vi, já tinha comido. Acho que tive uma compulsão".
Mas será que sempre é compulsão? Esse termo tem sido usado por muitas pessoas como sinônimo de exagero ou até mesmo em situações que não houve exagero, mas a culpa por achar que comeu algo "errado" ou "não saudável" apareceu depois da ingestão.
Essas são frases bastante comuns não só no consultório, mas nas conversas que tenho em diferentes lugares. Por isso acho que vale a pena diferenciar o que é impulso, quando podemos considerar um exagero, um comer com fundo emocional ou quando de fato foi uma compulsão alimentar. Falarei também sobre a diferença de uma compulsão pontual e do transtorno de compulsão alimentar.
Impulsividade:
Na psiquiatria, dizemos que é uma reação rápida e não planejada a estímulos, que está sob pouco controle de suas possíveis consequências negativas quando ocorre. No caso da alimentação, não tem a ver necessariamente com quantidade.
Exagero:
É quando comemos mais do que o necessário e que pode gerar desconforto físico, podendo ser regulado por pistas ambientais (ex: festa infantil, churrasco, comida muito saborosa). Dentro do "comer normal" podem ocorrer episódios de exageros esporadicamente.
Compulsão:
Segundo o DSM-V (Diagnostic and statical manual of mental disorders) da American Psychiatric Association (APA), um episódio de compulsão alimentar basicamente envolve uma sensação de perda de controle enquanto o indivíduo estiver comendo uma quantidade maior que outra pessoa comeria em uma mesma situação. Esses episódios podem acontecer esporadicamente e não ser necessariamente um transtorno alimentar.
Transtorno de compulsão alimentar:
Para ter o diagnóstico de Transtorno de compulsão alimentar existem critérios que são estabelecidos pelo DSM-V, conforme abaixo.
Episódios recorrentes de compulsão caracterizados por:
1 - Ingestão, em um período determinado, de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria;
2 - sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio;
3 - os eposidios ocorrem, em média, ao menos 1 vez por semana durante 3 meses;
4 - a compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento compensatório.
Associada a 3 ou mais episódio de:
1 - comer mais rapidamente que o normal;
2 - comer até se sentir desconfortavelmente cheio;
3 - comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome;
4 - comer sozinho por vengonha do quanto se está comendo;
5 - sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido ou muito culpado em seguida.
Agora que você já sabe a diferença entre eles, será que você está comendo por impulso (sem necessariamente exagerar), será que teve um exagero ou de fato tem sido comum acontecer episódios de compulsões?
Independentemente do que tem acontecido com você, se esse jeito de comer tem te trazido sofrimento ou prejuízos para a sua saúde, não deixe de procurar ajuda especializada.
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